EXPOSIÇÃO: Irmandade da Boa Morte: “Resistência & Fé”
A história da confraria religiosa da Boa Morte se confunde com a maciça importação de escravos da costa da África para o Recôncavo canavieiro da Bahia, em particular para a cidade de Cachoeira, a segunda em importância econômica na Capitania da Bahia durante três séculos.
O fato de ser constituída apenas por mulheres negras, numa sociedade patriarcal e marcada por forte contraste racial e étnico, emprestou a esta manifestação afro-católica, como querem alguns autores, notável fama, seja pelo que expressa do catolicismo barroco brasileiro, de indeclinável presença processional nas ruas, seja por certa tendência para a incorporação aos festejos propriamente religiosos de rituais profanos pontuados de muito samba e comida. Há que acrescentar ao gênero e raça dos seus membros a condição de ex-escravos ou descendentes deles, importante característica social sem a qual seria difícil entender tantos aspectos ligados aos compromissos religiosos da confraria, onde ressalta a enorme habilidade dos antigos escravos para cultuar a religião dos dominantes sem abrir mão de suas crenças ancestrais, como também aqueles aspectos ligados à defesa, representação social e mesmo política dos interesses dos adeptos.
É uma irmandade bi-secular e é referencia afro-descendente, com aproximadamente 240 anos de existência, um dos maiores referenciais afro-descendente do nosso país. Anualmente na cidade de Cachoeira, é realizada os festejos de Nossa Senhora da Boa Morte entre os dias 13 a 17 de agosto, preservando tradições e ensinamentos religiosos e culturais de seus ancestrais.
Curadoria: Jomar Lima